terça-feira, 5 de junho de 2012

Minha quase secreta vida…



É bem interessante a reação das pessoas quando me conhecem e descobrem que estou à caminho do sacerdócio e na Vida Religiosa. Não é todo dia que se encontra um jovem de 24 anos que envereda por esse caminho.
Mas também acho bem interessante a curiosidade das pessoas quando começamos a decorrer numa conversa sobre como as coisas no seminário funcionam. Sobretudo se falo que jogamos futebol, que assistimos TV, que ouvimos música e que lemos Best Sellers atuais, o espanto é sempre incisivo: “mas padre pode fazer tudo isso???”

Claro que pode!

Não somos extra terrestres que desceram numa super nave espacial e queremos dominar o mundo!  Aí uma coisa é certa: por conta da falta de conhecimento e esclarecimento sobre o real começam-se a criar fantasmas e fantasias na cabeça das pessoas sobre a vida no seminário e sobre o sacerdócio.

Muita gente ainda pensa que vivemos num sistema medieval, que não temos energia elétrica, que no seminário existem túneis subterrâneos semelhantes às masmorras medievais… 

Entendo que pelo fato de morar num castelo algumas intuições fantasiosas até que fazem sentido. Eu acho tudo isso bem engraçado, mas por detrás disso se revela a falta de conhecimento das pessoas com relação ao que realmente é o seminário e da Vida Religiosa.

Por trás de tudo em nossa vida está o seguimento de Jesus. E o nosso desejo é anunciá-lo com nossas palavras, atitudes, mas sobretudo com a nossa vida.
Pedro começou a dizer-lhe: "Eis que deixamos tudo e te seguimos." Respondeu-lhe Jesus. "Em verdade vos digo: ninguém há que tenha deixado casa ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de mim e por causa do Evangelho que não receba, já neste século, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, com perseguições e no século vindouro a vida eterna. 
Mc 10,28-30
Então, o seminário é um lugar de gente que encontrou com esse Jesus e decidiu dar a Ele aquilo que tem de melhor: sua vida. Assim o seminário não é um lugar de gente triste, cabisbaixa, com o pescoço encurvado, que passa o dia inteiro falando duas palavras…

O seminário é lugar de gente alegre, feliz, que brinca, ri, reza, se diverte, usa calça jeans e roupa social, ama Jesus e a Igreja, vai a missa diariamente e acredita naquilo que busca e    vive. Não é lugar de gente perfeita, mas está muito longe de ser aquilo que o imaginário popular vê.


A própria palavra, SEMINÁRIO (sementeira), nos remete àquilo que de fato quer significar. É lugar de cultivo, de experiência, de aprofundar e enraizar… nem que para isso sejam necessários 8, 10 ou 14 anos. 

Isso mesmo, essa é a média do tempo do itinerário do jovem até chegar no sacerdócio. E em algumas congregações religiosas pode levar ainda mais tempo.

Muito tempo?  

Não para quem já começa a percorrer o caminho do seguimento de Jesus no primeiro dia de seminário. É preciso conhecer Jesus com a cabeça, mas sobretudo com o coração para ser padre e, mais do que isso, um padre santo. 

Nesse caso, nem duas faculdades são suficientes para conhecer Jesus com o coração, ou, em outras palavras, para experienciar Jesus.

Quero repetir que a vida no seminário não é perfeita. 
Nós brigamos, discutimos, temos opinião própria (que nem sempre está de acordo com a opinião do outro), tomamos direções que não estão de acordo com nossa opção de vida… nosso sangue também ferve na hora do futebol (ninguém é de ferro quando seu time está perdendo hahah). 

Mas sabemos da importância do perdão e que é condição, não somente para quem vive no seminário, mas para todo cristão. Então seminário também é a casa de gente que perdoa, que valoriza o outro e que o trata como irmão.
Ainda estamos longe daquilo que deveríamos ser, do nosso ideal, mas estamos caminhando… e quem caminha sempre está mais perto do lugar da chegada. Quem pára não chega nunca, mas quem caminha, mesmo correndo o risco de não chegar, está mais perto da chegada…



Se para alguns estar no seminário é perder a vida, deixar de aproveitar o que de bom a vida tem pra oferecer na melhor fase jogando a juventude no lixo, penso (e acredito!) nas palavras do próprio Jesus; “quem perde a sua vida por causa de mim, esse a salvará” Lc 9,24.

Para quem pensa que o seminário é lugar de tristeza e solidão, convido-o a visitar e conhecer um seminário (você será bem vindo aqui em casa!) e ver a alegria estampada no rosto de quem ali vive.  Digo isso também dos seminários que não conheço, afinal aquele que segue Jesus não pode viver de tristeza e solidão. 

Não somos um bando de solteirões que vivem trancados... somos pessoas que encontraram um tesouro, que vale mais do que a nossa própria vida!

sábado, 2 de junho de 2012

Eu reclamo de quem reclama...

Sinceramente... Nossa geração tem criado pessoas muito boas na matéria de insatisfação e reclamação. Não anseio fazer qualquer generalização, mas cada pessoa é um ser individual dotado de particularidades. 

Gente insatisfeita que não sabe dizer outra coisa que não seja reclamar... 
Se o tempo esfria reclamam que está frio...
Mas se está calor reclamam que está muito quente!

Nada está bom!!!

E vocês hão de concordar comigo que o Facebook tem se tornado um lugar de demonstração da eterna insatisfação interior e reclamação...
Reclamam porque é segunda feira e tem que trabalhar a semana toda...
Reclamam porque não tem feriado para descansar na semana, ou no mês...
Reclamam porque a sexta feira ainda está muito longe e vai demorar para ir na "baladinha" com os amigos pra dançar "Ai, se eu te pego" ou pra encher a cara de cerveja até não conseguir mais...
Reclamam de Deus que não os escuta, mas faz tempo que não falam com Deus.
Reclamam de não ter nada que possam reclamar!

Chega! 

Não eximo de ninguém do direito de reclamação, de criticidade, mas pelo amor: Reclamem de algo que seja crítico; reclame pensando, reclame racionalmente, reclame de algo que valha a pena... ou não reclame!

Aqui há que se fazer uma importante distinção entre duas coisas:
Aquilo que está fora do ser humano e o que está dentro, no interior.

O interior e o exterior são ligados... afetam-se diretamente.
Em outras palavras, o ambiente em que vivo não é determinante, mas influencia na construção daquilo que eu sou de verdade, minha essência, ou seja, meu interior.
E o interior vai refletir no meu exterior.
Quero dizer que a fonte da reclamação pode estar no mais profundo da pessoa... 
Ela pode estar muito mais insatisfeita com ela mesma do que com as coisas que a cercam... mas para tanto é melhor reclamar daquilo que está ao redor, fora, do que daquilo que está dentro e que é o que de fato temos que criar coragem para mudar.

Não sei se fui claro...
se não fui leia novamente! hahaha

O mais importante contudo é viver a vida de modo suave, sereno, alegre...
Nós temos duas opções a cada manhã: Acordar, ver que estamos com a cara amassada e continuar com a cara amassada o resto do dia ou acordar, lavar o rosto, abrir um sorriso e viver aquilo que temos pra viver. Problemas todos temos. Tristezas todos temos... Eu, você, o garçom, o caixa do mercado, o engraxate, o presidente e o Papa...
O que vai nos diferenciar é o modo como nós olhamos pra realidade.
Se sorrir é o melhor remédio, reclamar é o pior.
E nada mais desagradável do que estar perto de alguém que vive de reclamar!

Por isso, vista-se de branco! Alegre-se!
A vida é muito curta para viver de reclamações...

Enquanto eu espero que o facebook deixe de ser um ninho de insatisfeitos, prefiro viver minha vida sorrindo... e agradecendo.

E, é claro, não poderia deixar de postar esse vídeo. Àqueles que justificam sua insatisfação sentindo-se as pessoas mais infelizes e insatisfeitas do mundo...
Que nos sirva de lição...
E que possamos ser mais alegres e mais satisfeitos!